Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos ao vencer Kamala Harris em uma disputa acirrada nesta terça-feira (5). O republicano, que tentava retomar a Casa Branca após quatro anos afastado do cargo, conquistou 277 delegados, superando a marca necessária de 270, com vitórias em estados decisivos como Pensilvânia, Geórgia e Carolina do Norte.
A vitória de Trump gerou impacto imediato nos mercados financeiros globais. O dólar subiu 1,4% em relação a moedas como o euro, a libra e o iene. O índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana, registrou alta de 1,7% na manhã desta quarta-feira (6/11). No Brasil, a moeda americana passou de R$ 5,74 para R$ 5,86, maior valor desde 2020.
Especialistas apontam que as promessas de Trump de políticas mais protecionistas podem afetar o comércio global e economias emergentes, incluindo o Brasil. Hugo Garbe, economista da Universidade Presbiteriana Mackenzie, afirma que a valorização do dólar também é reflexo da incerteza sobre as políticas de Trump, somada a fatores internos, como o déficit fiscal do governo Lula.
Carla Beni, da Fundação Getulio Vargas, ressalta que economias emergentes são mais vulneráveis à alta dos títulos do Tesouro dos EUA, o que leva à fuga de capital e à valorização do dólar. Esse cenário pode forçar aumentos nas taxas de juros para conter a inflação, afetando a atratividade dessas economias.
Vladimir Fernandes Maciel, do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica, observa que uma política econômica mais protecionista pode dificultar as exportações para os EUA e fortalecer o dólar globalmente. “O impacto será sentido em economias dependentes de comércio exterior e investimentos internacionais”, aponta.
O Banco Central do Brasil, por meio do Comitê de Política Monetária (Copom), acompanha a situação de perto e decidirá nesta quarta-feira sobre um possível aumento da Selic, esperado em 0,5 ponto percentual, em resposta à valorização do dólar e à instabilidade internacional.