Após sofrer derrotas no Congresso Nacional, o governo federal liberou, entre os dias 16 e 17 de junho, um total de R$ 1,6 bilhão em recursos destinados a atender sua base aliada. Foram R$ 517 milhões em emendas parlamentares e mais R$ 1,1 bilhão em verbas extras no Ministério da Saúde, segundo levantamento divulgado pelo portal UOL.
A liberação acontece em meio a um clima de pressão política. Nas últimas semanas, o Palácio do Planalto enfrentou reveses com a instalação da CPI do INSS, a derrubada de 12 vetos presidenciais e a aprovação da urgência para votação de um projeto que ameaça revogar o aumento do IOF, medida criada pelo governo para reforçar o caixa público.
Segundo a colunista Natália Portinari, do UOL, desde meados de maio o Ministério da Saúde já havia publicado 27 portarias liberando parte das verbas prometidas aos parlamentares aliados. A prática foi classificada como um novo formato de "orçamento secreto", já que os documentos não indicam os nomes dos deputados ou senadores responsáveis pelas indicações.
Os estados mais beneficiados foram Alagoas e São Paulo. Para o estado nordestino, reduto político de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, foram destinados R$ 129 milhões. Já São Paulo recebeu R$ 85 milhões. Maceió, capital alagoana e base de Lira, liderou o ranking das cidades que mais receberam recursos.
A reportagem destaca que a liberação dos recursos ocorreu após uma reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Arthur Lira e Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Comissão Mista de Orçamento. O encontro aconteceu no sábado (14), quando Motta teria manifestado insatisfação com a demora na execução das promessas de liberação de verba.
A medida surge como uma tentativa de reduzir a tensão política e evitar novas derrotas, principalmente nas votações que envolvem mudanças na tributação do IOF, defendidas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.