O analfabetismo funcional segue afetando quase um terço da população brasileira entre 15 e 64 anos. Segundo dados divulgados em maio de 2025 pelo Indicador de Alfabetismo Funcional (INAF), 29% dos brasileiros nessa faixa etária têm dificuldades para compreender textos simples e realizar operações matemáticas básicas — um índice que se mantém praticamente inalterado desde 2018.
O levantamento, realizado entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, ouviu mais de 2.500 pessoas em todas as regiões do país. O estudo é conduzido pela organização Ação Educativa e a consultoria Conhecimento Social, com apoio de instituições como Fundação Itaú, Fundação Roberto Marinho, Instituto Unibanco, Unesco e Unicef.
A pesquisa classifica o alfabetismo em níveis e revela que 36% da população se encontra no nível elementar, ou seja, compreende frases curtas, mas tem dificuldades com textos mais complexos. Apenas 12% atingem o nível considerado proficiente, com plena capacidade de interpretação e uso da linguagem em diferentes contextos.
Entre os jovens de 15 a 29 anos, o cenário piorou: o índice de analfabetismo funcional subiu de 14% em 2018 para 16% em 2024. Já entre os adultos de 50 a 64 anos, mais da metade (51%) apresenta dificuldades funcionais.
Especialistas atribuem parte desse retrocesso à pandemia de COVID-19, que afetou diretamente o acesso à educação e reduziu o contato com ambientes de letramento. A desigualdade no acesso ao ensino remoto agravou as defasagens entre grupos sociais.
O INAF reforça a urgência de ações públicas mais efetivas para garantir educação de qualidade, com foco na superação das desigualdades e no desenvolvimento de competências fundamentais para a cidadania.