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Editorial

O nacionalismo no horizonte político do Brasil e do mundo

O nacionalismo retorna ao cenário político mundial e não poderá ser desconsiderado daqui para frente

Redação Pedra Azul News

26/09/2022 - 00:00:00 | Atualizada em 26/09/2022 - 18:28:35

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As últimas movimentações políticas no Brasil e no mundo tem ao mesmo tempo mobilizado as massas e deixado analistas perplexos. Muitas vezes, presos a narrativas que dicotomizam a realidade entre “direita x esquerda”, “comunismo x fascismo”, muitos deixam de perceber uma realidade que desponta no horizonte político e não poderá mais ser desconsiderada: o nacionalismo.

No século XX, o nacionalismo apareceu como alternativa ao pseudo-embate travado entre liberalismo e comunismo. Algumas experiências foram verdadeiramente desastrosas, como o nacionalismo de viés pagão da Alemanha que causou o maior genocídio da história. No entanto, o nacionalismo guarda outros caminhos que nada tem a ver com as atrocidades perpetradas na Europa no século passado.

Com o fim da 2ª Grande Guerra e depois com a queda do muro de Berlim e o fim da Guerra Fria, o mundo parecia seguir num rumo inexorável de abertura absoluta de fronteiras, o que consolidaria o triunfo definitivo do liberalismo sobre todas as demais ideologias políticas.

Não demorou muito e esse ambiente de completa desregulamentação deu lugar a meia dúzia de conglomerados internacionais, como fundações, blocos geopolíticos como a União Europeia e a própria ONU, que começaram a dar as cartas no destino das populações de todo planeta.

Esse fenômeno suscitou reações primeiramente da classe intelectual. Na Inglaterra, Chesterton denunciava isso já no início do século passado. Ainda na sua primeira metade, pensadores brasileiros também ousaram questionar o domínio dos povos por meia dúzia de burocratas que desconhecem e fazem questão de desconsiderar a realidade social de cada país, impondo a todo mundo uma agenda universalista e identitária, tendente a dividir os povos e facilitar assim o seu domínio.

Em termos de alternativa política, tanto comunismo como liberalismo trabalham em prol dessa dominação de poucos sobre muitos. Aquele por meio de uma ditadura, este, de forma mais sofisticada, com uma série de valores que preparam institucionalmente o domínio da sociedade pelos grandes grupos de uma elite minoritária numericamente.

Nesse horizonte de abandono completo, surge mais uma vez na cena política o nacionalismo como uma via alternativa ao domínio global. Tanto à direita quanto à esquerda o fenômeno é visível. Aqui no Brasil, por exemplo, temos o presidente Jair Bolsonaro que, espertamente, se apropriou dos símbolos da República, abandonados pelos governos anteriores. Com isso, despertou um imenso furor patriótico em pessoas que até ontem sequer se importavam com política ou mesmo com o Brasil. A despeito do seu liberalismo, Bolsonaro conseguiu fazer bom uso disso.

À esquerda, surge no PDT, na esteira da candidatura de Ciro Gomes e seu projeto nacional desenvolvimentista, uma ala claramente nacionalista encabeçada pelo Comandante Robinson Farinazzo, candidato a deputado estadual por São Paulo. Junto de Farinazzo está o ex-deputado federal e ministro da Defesa Aldo Rebelo, candidato ao Senado por São Paulo. Rebelo criou uma categoria chamada de Quinto Movimento, com tom fortemente nacionalista.

Olhando para o mundo, na Europa vemos o fenômeno Marine Le Pen na França que quase ganhou a eleição esse ano. Ontem (25), foi eleita na Itália Giorgia Meloni, candidata da “extrema-direita com tendências fascistas” segundo a grande mídia.

Por fim, Putin e sua guerra na Ucrânia, ao reforçar seu imperialismo por um lado, abriu espaço para o fortalecimento da retórica nacionalista por outro. Ancorado na ideia de mundo multipolar de Aleksander Dugin, pelo menos do ponto de vista retórico a ideia do nacionalismo ganha força frente a uma ordem global de hegemonia norte-americana.

Seja como for, à direita ou à esquerda, fato é que o nacionalismo retorna ao cenário político mundial e não poderá ser desconsiderado daqui para frente.

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