Milhares de jovens chineses estão vivendo nas ruas após serem incluídos na lista negra do sistema de crédito social do país. Em cidades como Xiamen, homens e mulheres dormem em calçadas, sem acesso a dinheiro, trabalho ou serviços básicos. O bloqueio atinge diretamente as carteiras digitais WeChat Pay e Alipay, utilizadas em quase todas as transações financeiras da China. Sem elas, os cidadãos não conseguem pagar aluguel, comprar comida, receber salário ou marcar consultas médicas, um cenário que muitos chamam de “morte civil digital”.
O sistema de crédito social atribui pontuações aos cidadãos com base em seu comportamento. Em algumas cidades, apenas quem tem mais de 584 pontos pode acessar hospitais públicos. A pontuação aumenta com atos considerados “cívicos”, como vacinar-se, mas cai com postagens classificadas como “desinformação” ou com o não pagamento de dívidas.
Quem entra na chamada “Lista de Pessoas Desonestas Sujeitas à Execução”, mantida pelo Supremo Tribunal Popular, tem suas contas bloqueadas e perde o direito de viajar, estudar ou trabalhar. O WeChat, principal aplicativo do país, também pode denunciar automaticamente usuários que publiquem críticas ao governo, dando-lhes apenas três dias para sacar o dinheiro antes do bloqueio total.
A consequência é alarmante: ex-profissionais, empresários e estudantes são empurrados para a marginalidade, excluídos não apenas do sistema financeiro, mas também da vida social. O modelo, que combina vigilância e punição digital, levanta alertas internacionais e inspira preocupação quanto ao avanço de políticas semelhantes em outros países.