A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS vota nesta quinta-feira (11) uma lista de 406 requerimentos, entre os quais quatro têm potencial de causar desgaste ao governo Lula (PT). Esses pedidos envolvem o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), cuja vice-presidência é ocupada por José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente do Brasil.
Dois requerimentos, apresentados pela deputada Adriana Ventura (Novo-SP) e pelo senador Izalci Lucas (PL-DF), solicitam a quebra de sigilo da entidade. Outros dois, de autoria do senador Marcos Rogério (PL-RO) e de Izalci Lucas, pedem ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que encaminhe à CPMI os relatórios de inteligência financeira (RIFs) que eventualmente tenham sido feitos sobre o Sindnapi.
Investigações jornalísticas revelaram que dirigentes do Sindnapi utilizavam a empresa Gestora Eficiente LTDA, de familiares ligados à entidade, para receber comissões toda vez que um aposentado tinha desconto em seu benefício do INSS em nome do sindicato. Entre 2020 e 2023, a empresa faturou ao menos R$ 4,1 milhões em repasses feitos pelo próprio Sindnapi, pelo banco BMG e pela seguradora Generali. Nesse mesmo período, a arrecadação da entidade com descontos saltou de R$ 23 milhões para R$ 154,7 milhões, um aumento de 563,9%, impulsionado por um acordo com o BMG que gerou milhares de filiações suspeitas.
A CPMI do INSS já aprovou requerimentos para convocar Tonia Galleti, coordenadora jurídica do Sindnapi, e outros dirigentes da entidade. O próprio Frei Chico também figura em pedidos de convocação, embora ainda não tenha sido oficialmente chamado para depor.
A votação dos requerimentos nesta quinta-feira pode aprofundar as investigações sobre o Sindnapi e seus dirigentes, ampliando o foco da CPMI para além das fraudes no INSS e atingindo diretamente aliados do governo.