Ministros e auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconhecem nos bastidores que o governo sofreu uma derrota na eleição para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS. A oposição garantiu tanto a presidência quanto a relatoria do colegiado, gerando apreensão no Palácio do Planalto.
Aliado do governo, o senador Omar Aziz (PSD-AM) perdeu a disputa para Carlos Viana (Podemos-MG), eleito com 17 votos contra 14. Viana, por sua vez, nomeou o deputado Alfredo Gaspar (União-AL) como relator, em vez de Ricardo Ayres (Republicanos-TO), apoiado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). O Planalto avalia que a escolha do relator, considerado bolsonarista, poderá dificultar a condução dos trabalhos pelo governo.
A vitória da oposição pegou os auxiliares de surpresa, que reconhecem falhas na articulação política do governo e na coordenação com líderes da Câmara e do Senado. A troca na presidência e relatoria deve aumentar o desafio do Planalto em acompanhar a investigação.
O episódio motivou a convocação de uma reunião de emergência com ministros e membros da equipe de articulação política para definir estratégias diante da nova configuração da CPMI.
O escândalo do INSS, que motivou a criação da comissão, teve início com reportagens do portal Metrópoles em dezembro de 2023, revelando que entidades arrecadaram R$ 2 bilhões em um ano por meio de descontos de aposentados, enquanto enfrentavam milhares de processos por fraudes. As investigações resultaram em inquéritos da Polícia Federal e apurações da Controladoria-Geral da União (CGU).
A CPMI será composta por 32 parlamentares titulares, entre deputados e senadores, e igual número de suplentes, reunindo representantes tanto da base governista quanto da oposição, com objetivo de aprofundar a investigação sobre as irregularidades no INSS.