Após registrar lucro recorde de R$ 3,7 bilhões em 2021, os Correios enfrentam agora um cenário crítico. Somente nos primeiros três meses de 2025, a empresa pública amargou um prejuízo de R$ 1,7 bilhão. No ano anterior, o resultado negativo foi ainda mais expressivo: R$ 2,6 bilhões em perdas, o maior entre todas as estatais federais.
Diante do rombo, a direção da estatal solicitou um aporte emergencial de até R$ 5 bilhões da União para manter as operações. O governo, no entanto, tem evitado aprovar a liberação imediata desses recursos. A pressão política também se intensificou: o então presidente dos Correios, diante da crise e da disputa por seu cargo cobiçado pelo União Brasil, partido que chefia o Ministério das Comunicações, decidiu renunciar.
Entre os fatores que contribuíram para o desequilíbrio financeiro está a chamada “taxa das blusinhas”, criada para tributar compras internacionais de pequeno valor. A medida, que visava reforçar a arrecadação federal, provocou impacto negativo na estatal, que perdeu cerca de R$ 2,2 bilhões em receitas em 2024, segundo dados oficiais.
Vale lembrar que, em 2021, os Correios estavam listados no Programa Nacional de Desestatização e atraíam interesse de grandes empresas do varejo por sua ampla rede de distribuição. Contudo, com a mudança no comando do país, o processo foi interrompido logo nos primeiros dias do novo governo.
Enquanto a estatal afunda em déficits, burocracia e interferência política, o setor privado avançou. Empresas como Amazon, Mercado Livre, Loggi e Total Express estruturaram suas próprias operações logísticas, ampliando a competitividade no setor.
Agora, resta a dúvida: quem se interessaria por uma companhia com mais de 84 mil funcionários, agências com baixo desempenho e sistemas ultrapassados? Com isso, o contribuinte brasileiro é quem arca, direta ou indiretamente, com os prejuízos — seja pela má qualidade do serviço, seja pelos recursos públicos destinados para cobrir o buraco financeiro.