O Brasil não conseguiu alcançar a meta nacional de alfabetização definida pelo Ministério da Educação (MEC) para 2024. Segundo o levantamento mais recente, apenas 59,2% das crianças que concluíram o 2º ano do ensino fundamental na rede pública foram consideradas alfabetizadas, um resultado 0,8 ponto percentual abaixo do objetivo de 60% estabelecido pelo Compromisso Nacional da Criança Alfabetizada.
De acordo com o MEC, o principal fator que puxou a média nacional para baixo foi o desempenho do Rio Grande do Sul, onde as fortes enchentes provocaram queda acentuada nos índices. O estado registrou um recuo de 63,4% em 2023 para 44,7% em 2024, após meses de escolas fechadas e interrupções no calendário letivo.
A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) chamou atenção para o fato de que o problema não se limita ao estado gaúcho. Para ela, a dificuldade em atingir a meta reflete também os prejuízos acumulados na aprendizagem desde a pandemia da Covid-19, somados à falta de políticas eficazes de recuperação escolar.
O governo federal reafirmou o compromisso de ampliar gradualmente o índice de alfabetização, com a meta de alcançar 80% até 2030. Especialistas, porém, alertam que sem enfrentar problemas estruturais, como a paralisação de obras escolares, a carência de professores qualificados e as desigualdades regionais, o país corre o risco de perpetuar o ciclo de exclusão educacional.
Críticos também destacam que o investimento em formação docente e infraestrutura é frequentemente comprometido por disputas políticas e cortes orçamentários, o que impede avanços concretos na alfabetização infantil e compromete o futuro educacional do país.