A Polícia Federal deve iniciar ainda nesta quarta-feira (12) uma investigação para apurar possíveis irregularidades no leilão realizado pelo governo federal para a compra de arroz importado. O foco da investigação será as empresas envolvidas e a participação de servidores públicos no processo.
Na terça-feira (11), o governo federal anunciou a anulação do leilão após suspeitas de fraudes na compra de 263 mil toneladas de arroz. O leilão, realizado na quinta-feira (6), resultou em um preço médio de R$ 25 por saco de 5 quilos de arroz. O portal Globo Rural destacou que empresas sem histórico no mercado de cereais participaram e arremataram lotes significativos.
A decisão de importar arroz veio poucos dias após o início das enchentes no Rio Grande do Sul, responsável por 70% da produção nacional do grão. Apesar das enchentes, 80% da safra já havia sido colhida. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, explicou que a compra de arroz visava evitar a alta de preços devido às dificuldades de transporte causadas pelas inundações.
A falta de experiência das empresas vencedoras do leilão levantou suspeitas no mercado. Além disso, a participação da Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT) e da Foco Corretora de Grãos, criadas em 2023 por Robson Luiz de Almeida França, ex-assessor de Neri Geller, gerou mal-estar. França é sócio de Marcelo Geller, filho de Neri, em uma empresa aberta recentemente. Thiago dos Santos, atual diretor de operações e abastecimento da Conab, também foi colega de França.
Edegar Pretto, presidente da Conab, afirmou que ainda avaliará a permanência de Santos no cargo.
A polêmica em torno do leilão resultou na saída de Neri Geller do cargo de secretário de Política Agrícola, anunciada na terça-feira. Geller, ex-ministro da Agricultura e ex-deputado federal, foi um dos nomes do agronegócio que apoiou Lula na eleição de 2022. A saída de Geller é vista como uma resposta às suspeitas de conflito de interesses, dado o envolvimento de um ex-assessor no leilão.
Com a anulação do leilão e a investigação em andamento, o governo ainda não definiu uma nova data para realizar um novo leilão para a compra de arroz. A prioridade agora é garantir que o próximo processo seja transparente e eficiente, assegurando a qualidade e o melhor preço para o produto.