Nesta segunda-feira (17), o real ultrapassou o peso argentino e se tornou a moeda com o pior desempenho entre os países emergentes em 2024. Por volta das 16h, o dólar acumulava uma valorização de 10,54% frente à moeda brasileira. No entanto, ao final do dia, o real e o peso argentino ficaram praticamente empatados, ambos registrando uma desvalorização de 10,48% no ano.
O índice DXY, que mede a força do dólar frente a outras moedas de países desenvolvidos, recuou quase 0,2% em um dia de menor aversão ao risco no exterior. Mesmo assim, o dólar se valorizou frente ao real, destacando uma tendência de enfraquecimento da moeda brasileira.
Especialistas apontam que a perspectiva de juros mais altos nos Estados Unidos é um dos principais fatores por trás da desvalorização do real. Desde o início do ano, dados macroeconômicos indicam que a economia norte-americana permanece aquecida, sugerindo que o Federal Reserve manterá os juros elevados por mais tempo. "A política monetária dos EUA tem um papel significativo no câmbio. As taxas de juros altas atraem recursos para o país, valorizando o dólar e desvalorizando o real," explicou Felipe Pontes, diretor de gestão de patrimônio da Avantgarde Asset Management.
Além disso, questões internas têm contribuído para a desvalorização do real. A elevação do risco Brasil, medida pelo CDS (credit default swap), que está no maior nível do ano, indica uma desancoragem fiscal e inflacionária. "Desde fevereiro e março, temos visto um aumento do risco Brasil, com receios sobre a deterioração das contas públicas e a percepção de maior risco para investimentos no país," comentou Rafael Perretti, economista e trader da Clear Corretora.
Os problemas fiscais e políticos internos, como mudanças na meta fiscal e na presidência da Petrobras, além de declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aumentam a incerteza. A inflação brasileira também é uma preocupação crescente, com o Boletim Focus revisando para cima as expectativas de inflação para 2024.
Por outro lado, na Argentina, o FMI avaliou que o país deve alcançar juros reais positivos este ano, algo não visto há algum tempo, o que ajuda a explicar a recente valorização do peso argentino em relação ao real.
Fonte: Infomoney
Outro fator que pesa contra o real é o recente enfraquecimento das commodities, impactando a balança comercial brasileira. O preço do barril de petróleo Brent, por exemplo, caiu de mais de US$ 90 em abril para US$ 84,3, e a tonelada do minério de ferro também apresentou forte queda.
A combinação de fatores externos e internos coloca o real em uma posição desafiadora, destacando a necessidade de políticas econômicas sólidas e medidas eficazes para mitigar os impactos negativos no mercado cambial.