Parece inacreditável, mas é verdade: entidades investigadas por desviar bilhões de reais de aposentados foram habilitadas para integrar justamente o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa (CNDPI) — órgão responsável por fiscalizar políticas públicas e proteger os direitos da população idosa no Brasil.
A seleção foi conduzida pela Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, ligada ao Ministério dos Direitos Humanos. Das 36 entidades classificadas para disputar 18 vagas na gestão 2025-2027 do conselho, duas estão no centro de um escândalo nacional: a Confederação Nacional dos Trabalhadores, Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) e o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi).
Ambas são investigadas pela Polícia Federal por participação em um esquema que desviou descontos indevidos das aposentadorias entre 2019 e 2024. Só a Contag teria arrecadado R$ 2 bilhões apresentando listas falsas ao INSS com nomes de pessoas que nunca autorizaram filiação. Já o Sindnapi teria movimentado mais de R$ 300 milhões de forma semelhante. A auditoria oficial apontou indícios claros de fraude.
Mesmo assim, a coordenadora do CNDPI, Ana Lúcia da Silva, defendeu a presença das entidades no processo eleitoral do conselho, marcada para 5 de outubro, afirmando que “todos têm direito ao contraditório”.
O escândalo pode chegar a R$ 4 bilhões em prejuízos aos aposentados. O Congresso já aprovou a criação de uma CPI para investigar o caso. Enquanto isso, suspeitos de lesar justamente os idosos seguem sendo tratados como legítimos representantes dos seus direitos.
Fonte: Veja