A taxa de juros no Brasil continua entre as mais altas do mundo, pressionando o custo do crédito para famílias e empresas e dificultando a expansão do consumo e dos investimentos. Atualmente, a taxa Selic está em 10,50% ao ano, o maior patamar desde 2006, mesmo após recentes cortes promovidos pelo Banco Central.
Segundo economistas, a persistência de juros elevados tem múltiplas causas. Entre elas, estão a trajetória da dívida pública, considerada elevada e de difícil controle; a desconfiança em relação ao equilíbrio fiscal do governo; e o histórico de inflação que exige políticas monetárias mais rígidas. O risco-país e a baixa produtividade da economia também contribuem para manter o custo do dinheiro acima da média global.
Na prática, os efeitos são sentidos diretamente pelos brasileiros. O crédito ao consumidor segue caro, com taxas que superam 40% ao ano em linhas de financiamento como cheque especial e cartão de crédito. Já as empresas enfrentam dificuldades para acessar capital de giro e financiar novos projetos, o que limita a geração de empregos e a competitividade.
Especialistas alertam que a manutenção de juros nesse nível compromete a capacidade de recuperação da economia. O consumo das famílias, responsável por mais de 60% do Produto Interno Bruto (PIB), permanece contido, enquanto a indústria e o setor de serviços relatam desaquecimento.
A expectativa do mercado é que os cortes na Selic prossigam de forma gradual, acompanhando o comportamento da inflação e a condução da política fiscal. No entanto, analistas destacam que a convergência para patamares mais baixos dependerá de avanços no controle das contas públicas e de maior previsibilidade econômica.