A alta dos preços no Brasil não está apenas nas estatísticas oficiais, ela se revela, sobretudo, na rotina de quem faz compras toda semana. A chamada inflação de supermercado tem sido sentida de forma crescente nas prateleiras, onde o consumidor percebe que o dinheiro não rende mais como antes.
Um exemplo clássico vem da tradicional caixa de Bis: antes com 20 unidades em duas fileiras, depois reduzida para 16, e agora vendida em uma única fileira. A embalagem encolheu, mas o preço não. Essa é uma prática cada vez mais comum, conhecida como “reduflação”, quando empresas diminuem o tamanho, a quantidade ou a qualidade dos produtos, mantendo o mesmo preço ou até aumentando discretamente.
Essa estratégia mascara a alta real dos custos. Afinal, se o preço sobe 10% de uma vez, o consumidor percebe. Mas se a barra de chocolate passa de 200g para 180g, depois 150g, 125g e finalmente 100g, poucos notam. O resultado é o mesmo: pagamos mais por menos, uma forma silenciosa de recompor margens de lucro pressionadas pela inflação.
Segundo dados oficiais, a inflação acumulada em 12 meses subiu de 4,2% em agosto para 4,9% em novembro. No entanto, a inflação percebida no dia a dia, especialmente nos alimentos, é muito superior.
O café é um exemplo emblemático: o pacote de 500g do Café Pilão Tradicional, que custava R$ 8,29 em 2021, hoje sai por R$ 32,15 em 2025, um aumento de 287,8% em quatro anos, o que representa uma média de 14,5% de reajuste ao ano.
Entre os produtos mais afetados pela reduflação em 2025 estão sabão em pó, detergentes, chocolates, biscoitos, sucos, molhos de tomate e óleo de cozinha, itens essenciais que pesam cada vez mais no bolso e cada vez menos na mesa do consumidor.
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