O regime comunista chinês deteve, nesta semana, um homem de 47 anos acusado de publicar comentários difamatórios sobre o desfile militar em Pequim, realizado para marcar os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial no Pacífico. A detenção ocorreu na cidade de Xiangyang, província de Hubei, segundo informou a polícia cibernética local.
Identificado apenas pelo sobrenome Meng, o homem teria feito publicações nas redes sociais consideradas “ofensivas” ao evento e aos soldados do Exército de Libertação Popular. O comunicado oficial afirma que Meng “insultou, zombou e difundiu rumores quando outros usuários expressaram sentimentos patrióticos, provocando forte indignação”.
O governo comunista da China classificou suas ações como capazes de “ferir os sentimentos patrióticos e causar severo impacto social negativo”. Meng foi enquadrado no crime de “provocar confusão e causar distúrbios”, uma acusação ampla frequentemente utilizada pelo regime chinês para reprimir críticas públicas e controlar o discurso na internet.
Especialistas em direitos humanos e liberdade de expressão alertam que casos como este refletem a crescente vigilância sobre cidadãos chineses e a aplicação rigorosa de leis que criminalizam comentários considerados ofensivos ao Estado ou à honra nacional. Segundo analistas, a prática serve de aviso à população sobre os limites do debate público no país, especialmente em datas de grande simbolismo político e militar.
Organizações internacionais apontam que a liberdade de expressão na China é severamente limitada e que a definição de “ofensa patriótica” pode ser interpretada de forma ampla, permitindo a detenção de indivíduos por simples críticas a eventos governamentais.
A prisão de Meng ocorre em meio a um contexto de fortalecimento da censura digital e de reforço do controle estatal sobre a narrativa histórica e militar, especialmente em ocasiões que celebram conquistas do regime ou datas históricas sensíveis. E levanta questões como a limitação dos direitos civis, da crítica e a criminalização de opiniões que divergem da narrativa oficial na China, mostrando como são monitoradas e punidas as expressões públicas consideradas dissidentes.