Força Aérea Brasileira paralisa 40 aviões e afasta quase 140 pilotos em meio a cortes no orçamento

A Força Aérea Brasileira (FAB) enfrenta um período de restrição orçamentária. Desde julho deste ano, 40 aeronaves foram retiradas de operação e 137 pilotos afastados de suas funções de voo. A medida busca conter gastos com manutenção, combustível e treinamento.

Entre os afetados está o próprio comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno, que passou a viajar em voos comerciais para cumprir sua agenda de trabalho. O oficial já esteve em Recife, Salvador, Belo Horizonte e no exterior, Argentina e Colômbia, utilizando passagens compradas pela instituição. A iniciativa, segundo oficiais, também é interpretada como sinal de austeridade.

Apesar da redução de meios, a FAB manteve como prioridade o transporte de autoridades, regulamentado por decreto presidencial de 2020. Na ordem de atendimento, estão o vice-presidente, presidentes do Senado, da Câmara e do STF, seguidos por ministros de Estado. O presidente da República não entra na lista, pois dispõe de aeronaves próprias.

Os números revelam o peso dessa demanda: apenas em 2025, foram realizados cerca de 700 voos para autoridades, com picos nos meses de março e abril. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), lidera a lista, com mais de 70 viagens neste ano.

Além da paralisação de aeronaves e afastamento de pilotos, a FAB adotou expediente reduzido e substituiu missões externas por videoconferências, numa tentativa de equilibrar as contas até o fim do ano. Generais alertam, porém, que o corte pode afetar o preparo operacional e a formação de novos pilotos no médio e longo prazo.

Os pilotos afastados não estão sendo desligados da corporação, mas ficam temporariamente sem designação de voo. O objetivo é reduzir custos com horas de treinamento, combustível e manutenção. Eles continuarão exercendo funções administrativas, técnicas e de apoio dentro das unidades.

A Aeronáutica destacou que a paralisação é de caráter provisório e será revista conforme a recomposição do orçamento. O comando da FAB também reforçou que a medida segue padrões de segurança e de gestão de frota adotados por forças aéreas de outros países em momentos de restrição financeira.