Apesar de prometer enfrentar a miséria urbana com o Plano Ruas Visíveis, lançado em dezembro de 2023 e estimado em R$ 1 bilhão, o governo Lula vê o número de moradores de rua disparar. Dados do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua/UFMG), baseados no Cadastro Único, apontam crescimento de 25% em apenas um ano: de 261.653 pessoas em dezembro de 2023 para 327.925 no fim de 2024. Em março de 2025, já eram 335.151 — quase 15 vezes mais que em 2013.
O Sudeste concentra 63% dessa população, com São Paulo no topo (146.940), seguido por Rio de Janeiro (31.693) e Minas Gerais (31.410). O levantamento revela ainda que sete em cada dez pessoas em situação de rua não completaram o ensino fundamental e 11% são analfabetos, evidenciando falhas históricas em educação e políticas de inclusão.
Especialistas apontam que, embora o governo tenha ampliado a identificação de pessoas em situação de rua por meio de busca ativa e capacitação de equipes, as ações concretas de moradia, geração de emprego e combate à pobreza não acompanharam o ritmo do agravamento da crise.
O próprio histórico reforça a gravidade: entre 2019 e 2022, o número de pessoas vivendo nas ruas já havia aumentado 38%, segundo o Ipea. O problema é estrutural, mas a gestão atual, mesmo com recursos vultosos e um programa federal anunciado como prioridade, parece não conseguir conter, e muito menos reverter, o avanço.