O dólar comercial atingiu a cotação de R$ 5,70 na máxima desta terça-feira (2), registrando uma alta de 0,75% e marcando o terceiro dia consecutivo de valorização. Este é o maior valor da moeda norte-americana desde janeiro de 2022. A alta ocorre em meio a declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a situação cambial no país.
Em entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador, Bahia, Lula afirmou que a recente alta do dólar é resultado de um “ataque especulativo” e mencionou a existência de um “jogo de interesse especulativo contra o real”. O presidente revelou que está discutindo possíveis medidas para enfrentar essa situação, mas não especificou quais seriam essas ações.
“Nós temos que fazer alguma coisa. Eu não posso falar aqui o que é possível fazer, porque, se não, eu estaria alertando os meus adversários”, declarou Lula.
Lula também anunciou uma reunião na quarta-feira (3) para tratar do assunto, ressaltando que considera a atual situação anormal. Durante a entrevista, ele criticou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmando que a gestão da autoridade monetária não pode ter um “viés político”.
“Agora, o que não dá é você ter alguém dirigindo o Banco Central com viés político. Definitivamente, eu acho que ele tem um viés político, agora, veja, eu não posso fazer nada. Ele é presidente do BC, ele tem um mandato, ele foi eleito pelo Senado. Eu tenho que esperar acabar o mandato e indicar alguém”, disse Lula.
Em 2024, o real foi a quinta moeda que mais se desvalorizou no mundo, conforme dados da Austin Rating. A instabilidade no mercado de câmbio e as declarações de Lula refletem um ambiente econômico tenso, onde medidas governamentais e a percepção de risco dos investidores são fatores cruciais.
A expectativa agora se volta para as ações do governo e do Banco Central, e como essas medidas poderão influenciar o mercado cambial e a economia brasileira nos próximos meses. A reunião de quarta-feira pode ser decisiva para indicar os rumos que serão tomados para estabilizar a moeda e conter os impactos especulativos mencionados pelo presidente.