O transtorno mental relacionado ao vício em jogos de aposta, conhecido como ludopatia, já impacta diretamente o sistema previdenciário brasileiro. Dados divulgados pelo Instituto de Estudos Previdenciários (IEPREV) mostram que o número de auxílios por incapacidade temporária concedidos pelo INSS a trabalhadores diagnosticados com o transtorno cresceu mais de 2.300% nos últimos dois anos. A explosão dos pedidos acompanha a expansão das chamadas “bets” no país, que têm atraído principalmente jovens em idade produtiva.
Segundo o levantamento, 73% dos beneficiários são homens e 80% têm entre 18 e 39 anos, justamente a faixa etária que concentra maior participação no mercado de trabalho. Além disso, em 7% dos casos os segurados possuem filhos, o que amplia os reflexos sociais da incapacidade.
Especialistas destacam que a ludopatia é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um transtorno mental, com sintomas que vão desde a perda de controle sobre apostas até endividamento, problemas familiares e isolamento social. Quando atinge trabalhadores, pode levar à necessidade de afastamento e ao pagamento de benefícios por parte da Previdência.
Apesar de o jogo de azar tradicional ser proibido no país desde 1946, as casas de apostas esportivas e plataformas digitais se multiplicaram nos últimos anos, explorando brechas legais.
O crescimento acelerado dos afastamentos evidencia a necessidade urgente de fiscalização mais rígida sobre o setor de apostas online, além de ações preventivas e terapêuticas no campo da saúde mental.