O Tesouro Nacional anunciou nesta terça-feira (2) seu retorno ao mercado internacional com a emissão de títulos soberanos em duas modalidades. A operação prevê papéis com vencimento em 2030 (5 anos) e uma nova nota de 30 anos, com vencimento em 2056. Além disso, haverá a possibilidade de troca ou recompra de títulos atualmente em circulação, com prazos entre 2037 e 2054.
Esses títulos são papéis de dívida que o governo vende para investidores estrangeiros, em troca de recursos agora, comprometendo-se a pagar no futuro com juros. É uma forma de captar dinheiro fora do país. Setores críticos dizem que o movimento pode ser lido como sinal de fragilidade fiscal interna, já que o país recorre ao mercado externo para equilibrar as contas.
De acordo com o comunicado oficial, a operação tem como objetivo reforçar a gestão da dívida pública, ampliar a base de investidores internacionais e estender o perfil de vencimento dos papéis brasileiros. A medida também busca consolidar a presença do país no mercado externo, mantendo a liquidez dos títulos e criando novas referências de prazos longos.
A coordenação da emissão será conduzida por três instituições financeiras de peso no cenário global: Bank of America, Itaú BBA USA e JP Morgan.
A iniciativa representa o primeiro movimento de captação externa do Brasil em 2025, em um contexto de expectativa em relação às taxas de juros internacionais e à percepção de risco dos investidores. Segundo analistas, operações desse tipo funcionam como termômetro do apetite do mercado por ativos brasileiros e podem influenciar diretamente o custo de captação do país nos próximos anos.
Críticos apontam que o Brasil está se endividando mais em dólar, o que expõe o país a riscos de variação cambial. Em momentos de alta do dólar, o custo para pagar essa dívida pode subir muito. Analistas lembram que países emergentes, como o Brasil, normalmente pagam juros mais altos para captar recursos.
Também há quem questione se esse tipo de operação não gera uma “dependência política” maior do Brasil com relação a bancos e investidores estrangeiros. Na prática, a dívida continua crescendo, e a conta será paga no futuro com mais juros.